terça-feira, 17 de março de 2009

Drenagem linfática


SIMONE SERPA

Com toque e compressão suaves e movimentos ritmados, a drenagem é um santo remédio para problemas circulatórios, que podem desencadear (entre inúmeras doenças) a temível celulite. Ok, isso você já deve saber... Acontece que, em se tratando de circulação, uma coisa leva a outra e por causa de seu comprometimento, as células da pele não somente tendem a acumular gordura como também a pressionar os vasos sanguíneos, provocando aqueles antiestéticos vasinhos. Como ninguém merece exibir essa dupla imperfeita, todos os especialistas de beleza (principalmente as dermatologistas) afirmam que t-o-d-a mulher deve se submeter a sessões de drenagem a vida inteira. Sim, o ideal seria que a massagem fizesse parte dos nossos rituais de cuidados.

De tão importante, quem imagina um tratamento contra celulite ou gordura localizada que não preveja sessões de drenagem linfática? E o mais interessante: “Apesar de toda a tecnologia, a melhor continua sendo a manual. Existem massagens mecânicas, como a feita por compressão pneumática, mas só as mãos humanas têm a sensibilidade e percebem quando e onde colocar a pressão ideal de acordo com a indicação do tratamento”, explica a fisioterapeuta Rosana Leite, da Clínica Linfocentro em Salvador (BA). A endocrinologista Silvia Bretz, do Rio de Janeiro (RJ), concorda: “Considero mãos bem preparadas o
melhor instrumento para executar uma boa drenagem linfática”.

Celulite e gordura localizada
Todas nós sabemos, porém não custa lembrar que a celulite nada mais é do que células com acúmulo de lipídios.

E a abominável gordura localizada é o excesso de células adiposas que se instalou em determinado local do corpo, claro que indesejado! “Ambas formam um conglomerado que dificulta a circulação sanguínea e linfática. Só que a linfa carrega o excesso de adiposidade do corpo. Uma de suas funções é justamente eliminar esse excedente e evitar que ele se acumule”, explica

Rosana Leite. Portanto, se a linfa não conseguir passar, desastre à vista: mais gordura vai se juntar naquele espaço. Aí é que entra a drenagem linfática. Com suas manobras estratégicas, ela vai massageando os capilares linfáticos para que eles possam absorver as macromoléculas e os resíduos celulares e conduzi-los para serem eliminados pelo organismo.

“Ao reduzir a congestão linfática, a técnica pode, inclusive, atenuar graus leves de celulite em algumas “Ao reduzir a congestão linfática, a técnica pode, inclusive, atenuar graus leves de celulite em algumas mulheres”, complementa Luiz Victor Carneiro Jr., cirurgião plástico e coordenador do Núcleo de Saúde e Beleza da Clínica Ivo Pitanguy, Rio de Janeiro (RJ). Nesse tipo de tratamento estético a drenagem não atua sozinha: “É um método coadjuvante que faz parte de um imenso arsenal de procedimentos”, explica Silvia Bretz. Ela pode ser, por exemplo, auxiliada por ondas de ultra-som, que desestruturam as células gordurosas e facilitam o trabalho da drenagem.

Pós-operatório de cirurgias plásticas
O inchaço pós-operatório é proveniente do trauma cirúrgico causado pela mobilização de vísceras, camadas musculares e tecidos profundos.

A conseqüência é um processo inflamatório em que o corpo produz e retém maior quantidade de líquido.

Por isso a drenagem é tão importante nesse momento. “Ela torna mais rápida e eficiente a absorção dos edemas pós-operatórios, na medida em que promove a desobstrução dos gânglios e dutos linfáticos sobrecarregados pelo inchaço e, com isso, consegue-se acelerar a recuperação”, explica o cirurgião plástico Luiz Victor Jr.

O expert ainda alerta que o segredo do sucesso do tratamento está em não padronizar a indicação do procedimento: “Cada caso é um caso e existe o momento certo para cada paciente iniciar as massagens. No começo, as drenagens devem ser delicadas e comedidas, caso contrário pode haver agressão dos tecidos”.

A técnica é recomendada após quase todas as cirurgias, mas em dois tipos ela é praticamente indispensável: no pós-operatório do lifting cérvico-facial e na lipoaspiração.



Vasinhos e varizes
“Não há provas científicas de que a drenagem linfática atue na prevenção das varizes, mas com certeza minimiza seus sintomas”, garante o angiologista e cirurgião vascular Aquiles Tadashi, de Salvador (BA). Sinais esses que incomodam e muito! Primeiro porque doem, dão desconforto e câimbra. Segundo, porque são feios: como é o caso do inchaço. A fisioterapeuta Rosana concorda que a drenagem realmente é uma aliada poderosa contra os sintomas das varizes:

“Ela é fundamental no tratamento, pois ativa a circulação que está deficiente no local, deixa as células oxigenadas e os tecidos irrigados, reduzindo a retenção de líquido”.


Perda de medidas
A endocrinologista Silvia Bretz diz que a drenagem linfática é, sem dúvida, uma arma a favor do emagrecimento:

“As células de gordura armazenam dentro de si grande quantidade de líquidos. Essa massagem atua sobre elas e reduz a retenção desses últimos”. E sua eficiência não pára por aí: favorecendo a fluidez da linfa, a técnica permite a eliminação das toxinas orgânicas, como os radicais livres acumulados pela alimentação indevida (aquela que inclui, por exemplo, os engordativos embutidos, fast-food e gordura trans).

TPM
Tão conhecida e odiada pelas mulheres, a Tensão Pré-Menstrual encontra na drenagem uma inimiga de peso. Nesse período do ciclo menstrual, o hormônio predominante é a progesterona. É ela que provoca, entre outras, sensação de inchaço, peso nas pernas, aumento do volume e dor nas mamas e dores de cabeça, que podem ter origem no acúmulo de líquidos intracranianos.

Está comprovado que todos esses sintomas são extremamente aliviados pela drenagem linfática, já que ela estimula o sistema circulatório e evita que os líquidos fiquem retidos, causando desconforto e edema.



8 quesitos para uma drenagem bem-feita:
1- Ser completamente indolor e suave.
2- Ter movimentos sempre ritmados.
3- Promover pressão adequada. O sistema linfático superficial, que é o atingido pela drenagem manual, está logo abaixo da pele, portanto não é preciso força para estimulá-lo.
4- Ser feita em sentido unidirecional.
5- Começar de cima para baixo. Para o inchaço nos pés, por exemplo, a massagem parte dos gânglios para a virilha. É importante preparar e deixar livre o caminho em que o líquido vai precisar passar, depois de aliviada a retenção.
6- Iniciar da parte proximal para a distal do membro a ser drenado. Traduzindo, se o profissional vai drenar os pés até a região da virilha, ele deve começar deslocando a linfa da coxa até ela, depois do joelho para a coxa, em seguida da perna para o joelho e do pé para a perna, finalizando com movimentos ascendentes até a virilha.
7- Ser realizada por profissionais que conheçam a anatomia do sistema linfático.
8- Dar o maior bem-estar durante e após o tratamento.

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